segunda-feira, 25 de maio de 2009

O LAGO

Narciso - Caravaggio



Começara sem grande importância. Toda a tarde sentava-se a apreciar as luzes e cores que ele refletia. Passou então a atentar aos aromas e ao odor que dele emanava. Logo se percebeu inebriada com tantas sensações. Queria tocá-lo, senti-lo em sua pele nua. Devorá-lo até que nada restasse. Ouvia seus murmúrios, seus lamentos. Nada a impediria. Despiu-se. Correu lânguida ao seu encontro. O sol aquecia seu corpo nu. A relva acariciava seus pés. Enlouquecida, atirou-se sobre ele. Morreu feliz, afogada no lago.

Nenhum comentário:

Postar um comentário